Maracaju: povo poderá acompanhar reuniões de comissão para cassar 8 vereadores

A Comissão Processante (CP) aprovada e instalada ontem (13), que pode resultar na cassação de 08 vereadores de Maracaju, se reunirá no plenário da Câmara Municipal permitindo, assim, que a população acompanhe os trabalhos, inclusive, as oitivas de testemunhas e dos acusados.

Os vereadores Robert Ziemann (PSDB), Laudo Sorrilha Brunett (PSDB); Joaozinho Rocha (MDB); Ludimar Portela, o “Nego do Povo” (MDB); Hélio Albarello (MDB); Antonio João Marçal de Souza, o “Nenê da Vista Alegre” (MDB); Ilson Portela, o “Catito” (União Brasil; e Jefferson Lopes (União Brasil) são acusados de receber propina do ex-prefeito Maurílio Azambuja (2017-2020), conforme revelou a Operação Dark Money, deflagrada pela Polícia Civil em dezembro de 2022.

O maior esquema de corrupção e improbidade administrativa da história de Maracaju teria desviado cerca de R$ 23 milhões dos cofres públicos, dos quais mais de R$ 1,37 milhão foi, segundo a polícia, repassado aos vereadores. Os “mensalinhos” visavam a aprovação, na Câmara, de matérias de interesse de Maurílio Azambuja (MDB), além da abstenção de fiscaliza-lo.

A Operação Dark Money prendeu, temporariamente, o ex-prefeito e ex-secretários municipais, e investiga também outros funcionários públicos e empresários envolvidos na falcatrua.

Com o escândalo, de repercussão nacional, a população está mobilizada para que os acusados sejam punidos e solicitou, regimentalmente, a abertura da CP do Mensalinho. Na sessão de ontem, o documento foi lido pela Mesa Diretora da Câmara, e a comissão foi instalada por unanimidade – 12 votos. Joãozinho Rocha, pelo envolvimento no caso, não pode votar.

Trecho do documento alerta que “os mesmos que se beneficiaram criminosamente do dinheiro público podem retornar aos seus cargos como vereadores, como se nada disso tivesse ocorrido. O que seria um insulto a todo o povo dessa cidade”, numa alusão de que os vereadores estão afastados somente até o dia 22 de abril, depois de duas prorrogações.

Os suplentes dos 08 vereadores estão sendo assessorados pelo experiente advogado Fernando Baraúna, reconhecimento como um dos melhores especialistas em direito público de Mato Grosso do Sul.

A Comissão ficou assim constituída: na presidência, Oseas Enfermeiro (Republicanos); na relatoria, Vilmar Era do Gelo (Patriota) e membro, Rener Barbosa (PSDB). O trio não é investigado no âmbito da Operação Dark Money.

Agora, a CP aguarda a documentação sobre o caso, que deverá ser repassada pelo presidente em exercício Gustavo Veterinário (PP), e notificará em cinco dias, até o próximo sábado (18), os 8 acusados. O prazo para a conclusão dos trabalhos é de 90 dias.  

Em Maracaju, é grande a expectativa pela cassação dos vereadores acusados de propineiros, que perderão os mandatos caso, um a um, seja punidos com 8 votos dos 12 possíveis (2/3). A parte interessada não vota.